quinta-feira, 18 de junho de 2020

Melancolia


O que se passa no coração 

De uma cadeira?

Que é de madeira,

Hoje é descanso, como queira,

Quando a lembrança certeira

Acusa que ela um dia

Fora uma frondosa árvore?


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E os pássaros passam,

Passarinho, passarão.

Na ausência da cor,

Cor cinza da dor

Não vê que o mar morreu?

morte lenta...

De tão lenta quase nem aconteceu


Angústia...

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Doação


Glaysson Astoni

 

 

Quero ser um transatlântico sorte!

Cruzar o mar e sê-lo ao mesmo tempo,
Cortar o mar em direção ao vento.



Navio e mar que terminam em morte!
O mar e o barco enfim ali sem vida,
Entrego a minha para restituí-la.




Reticente


30 Milímetros

                                                                                                                                                     Glaysson Astoni

Por um curto espaço o tempo esconde
Todo sangue que corre na veia do gigante.
Diante da correria na chuva vermelha
Do sangue que o tempo escorre na veia,
Matéria insana, inexplicável ato, átomo,
Núcleo inexistente de um racional sentimento.



Quantitativas taxas de soluços
E lágrimas por metro quadrado.
Choro sentido a corda que arrebenta o leite derramado.
Quase me suicido se um bicho dá um espirro.
Se alguém pergunta aonde vou,
Digo “do fim vou pro começo”, não meço.
Um olho opaco emplaca a jugular
D’um indefeso gigante destinado à morte.
Do gigante resta a carne tanto quanto morta,
Tanto fonte de inesgotável rio de sangue.



Belo gigante de trinta milímetros,
De força igual à de trinta mil formigas,
Oprimido por uns minúsculos seres de dois metros
Que lhes esmagam sob a sola.


O instante o tempo num instante esconde
Sob o véu do céu nublado, troça incessante.
E o sangue do gigante se esvaiu nessa chuva.
Do fim vou pro começo, não meço.

Melancolia

O que se passa no coração  De uma cadeira? Que é de madeira, Hoje é descanso, como queira, Quando a lembrança certeira Acusa que ela um dia ...