segunda-feira, 15 de junho de 2020

30 Milímetros

                                                                                                                                                     Glaysson Astoni

Por um curto espaço o tempo esconde
Todo sangue que corre na veia do gigante.
Diante da correria na chuva vermelha
Do sangue que o tempo escorre na veia,
Matéria insana, inexplicável ato, átomo,
Núcleo inexistente de um racional sentimento.



Quantitativas taxas de soluços
E lágrimas por metro quadrado.
Choro sentido a corda que arrebenta o leite derramado.
Quase me suicido se um bicho dá um espirro.
Se alguém pergunta aonde vou,
Digo “do fim vou pro começo”, não meço.
Um olho opaco emplaca a jugular
D’um indefeso gigante destinado à morte.
Do gigante resta a carne tanto quanto morta,
Tanto fonte de inesgotável rio de sangue.



Belo gigante de trinta milímetros,
De força igual à de trinta mil formigas,
Oprimido por uns minúsculos seres de dois metros
Que lhes esmagam sob a sola.


O instante o tempo num instante esconde
Sob o véu do céu nublado, troça incessante.
E o sangue do gigante se esvaiu nessa chuva.
Do fim vou pro começo, não meço.

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